terça-feira, 1 de março de 2011

é o meu Paraná

Na série inaugural "é o meu Paraná", buscaremos sintetizar a importância do legado desta terra de pinheiros em extinção, monoculturas de soja e uma capital de clima e vida instáveis que nenhum paranaense leva a sério. Para tanto, consideremos que, se existe algo cuja expressão coincide tanto à primeira vista quanto à análise última, é a arquitetura de um povo. Desde os tempos remotos (e até o advento das cidades cenográficas), os monumentos capazes de aturdir o olhar demonstraram enorme sofisticação técnica e estilística, em alguns casos ainda insuperáveis, como as pirâmides, a torre de Babel, o templo de Jerusalém, os monolitos de Tiro, os pagodes graníticos de Ankor Wat, as estátuas da ilha de Páscoa, etc...

As lágrimas que um muçulmano verte sob a mesquita de Meca são, à parte do transe religioso, da mesma genuína emoção de um turista boquiaberto diante da Notre Dame em Paris ou de uma criança que vê o carrossel pela primeira vez. Manifestações fisiológicas que servem de termômetro para a grandiosidade de uma civilização. Assim como a inexistência de parques de diversões constitui um decréscimo qualitativo na escala infantil das nações, um Egito sem o farol de Alexandria é obviamente mais decadente, e assim sucessivamente.

Do Paraná, podemos dizer que sua gente não poupou esforços ao erguer tais zigurates de dimensões divinas, carregados de aura mística e encantamento imediato. Um exemplo recente é o "Monumento dos Campos Gerais" feito em Ponta Grossa para homenagear nossos pinheirais com um sugestivo apelo freudiano:

Conhecido popularmente como "Cocozão" e detentor do título internacional de "maior bostaço em suspensão", era motivo de orgulho&preconceito e de equilibrados dissensos (algo comum na história da torre Eiffel, da Estátua da Liberdade, da pirâmide do Louvre, dentre outras construções lendárias), até sofrer uma curiosa infestação de vespas e ser incinerado pelas autoridades:

"Vespas do cume saem": Cocozão liberando gases após o acidente.

Repetiu-se uma tragédia da dimensão daquela que erradicou o Partenon (feito depósito de pólvora pelos otomanos, explodiu durante a guerra). O Paraná foi privado de um obelisco mítico; o mundo, de um dos maiores feitos da engenharia moderna.

2 comentários:

Luiz Otávio Ribas disse...

Este monumento é insuperável, nunca haverá obra tão representativa!
Já tinha ouvido falar, mas a fotografia me colocou diante da analogia de maneira tão imediata que eu acredito que aqueles que o mantém lá o fazem por pura teimosia.
Conseguiram ganhar de Passo Fundo, que na ocasião dos anos 2000 construíram uma grande caravela na entrada da cidade, que fica a mais de 200 quilômetros da costa do Atlântico.
Sem falar de um outro monumento que quer resgatar Passo Fundo como um dos povos missioneiros, sem que nunca tenha havido nenhum aldeamento ou redução por aqui. E claro, onde dizimaram todos os índios. Os sobreviventes hoje vivem marginalizados na rodoviária, a beira do córrego sólido que um dia foi um rio (o mais largo e fundo da região..hehe).
Mais uma evidência de que estamos mesmo impregnados por este pensamento colonial da conquista.
Puta merda.

Laoziano disse...

O "monumento", se é que pode ser vulgarmente chamado assim este Epicentro das Sensações Conflitivas, foi invadido por insetos letais, incendiado, encharcado e demolido. Não está mais lá, para nosso pesar e lamento.